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O que é infanticídio? Fonte: Atini.org



Popularmente usado para se referir ao assassinato de crianças indesejadas, o termo infanticídio nos remete a um problema tão antigo quanto a humanidade, registrado em todo o mundo através da história.

A violência contra as crianças é uma marca triste da sociedade brasileira, registrada em todas as camadas sociais e em todas as regiões do país. No caso das crianças indígenas, o agravante é que elas não podem contar com a mesma proteção com que contam as outras crianças, pois a cultura é colocada acima da vida e suas vozes são abafadas pelo manto da crença em culturas imutáveis e estáticas (ver box ao lado).

A cada ano, centenas de crianças indígenas são enterradas vivas, sufocadas com folhas, envenenadas ou abandonadas para morrer na floresta. Mães dedicadas são muitas vezes forçadas pela tradição cultural a desistir de suas crianças. Algumas preferem o suicídio a isso. 

Muitas são as razões que levam essas crianças à morte. Portadores de deficiência física ou mental são mortas, bem como gêmeos, crianças nascidas de relações extra-conjugais, ou consideradas portadoras de má-sorte para a comunidade. Em algumas comunidades, a mãe pode matar um recém-nascido, caso ainda esteja amamentando outro, ou se o sexo do bebê não for o esperado. Para os mehinaco (Xingu) o nascimento de gêmeos ou crianças anômalas indica promiscuidade da mulher durante a gestação. Ela é punida e os filhos, enterrados vivos.

É importante ressaltar que não são apenas recém-nascidos as vítimas de infanticídio. Há registros de crianças de 3, 4, 11 e até 15 anos mortas pelas mais diversas causas. 

Em certas comunidades, aumentam os casos entre mães mais jovens. Falta de informação, falta de acesso às políticas públicas de educação e de saúde, associadas à absoluta falta de esperança no futuro, perpetuam essa prática.

“As crianças indígenas fazem parte dos grupos mais vulneráveis e marginalizados do mundo, por isso é urgente agir a nível mundial para proteger sua sobrevivência e direitos (...)”

Relatório do Centro de Investigação da UNICEF, em Florença, Madrid, fevereiro de 2004

ATINI; VOZ PELA VIDA - Combate ao infanticídio indígena

PROJETO HAKANI 
O QUE É REAL E O QUE NÃO É REAL 

Os esforços na prevenção do infanticídio realizados pelo Projeto Hakani permanecem sob ataque de ativistas da Survival International. Como resultado prático dos esforços desse projeto, um número sem precedentes de grupos indígenas têm se mobilizado para discutir alternativas ao infanticídio, mas o Survival International continua defendendo que o projeto seria parte de uma armação fundamentalista para subverter as culturas tradicionais. Os produtores do filme e representantes do Projeto Hakani respondem. 

Survival International: "O infanticídio na Amazônia é raro. Quando acontece ... " 

Infanticídio é comum entre muitas comunidades indígenas no Brasil. Este fato tem sido substanciado por inúmeros antropólogos, agentes de saúde e muitos líderes indígenas. As estimativas conservadoras de que algumas centenas de crianças indígenas são mortas desnecessariamente a cada ano, pode ser no que Stephen Corry, diretor da Survival International, baseia-se quando diz que o infanticídio é "raro". Mas proporcionalmente ao total da população indígena, esses os números são muito significativos. O povo suruwaha, por exemplo, é um grupo de 130 indígenas, mais de metade deles com a idade abaixo de 18 anos. Ter-se apenas uma criança sacrificada já é um problema de enorme impacto para este grupo. Existem pesquisas que indicam que só entre as comunidades indígenas de Roraima, mais de 200 crianças foram vítimas desta prática nos anos recentes. 

Survival International: De acordo com Corry, os esforços, como o do Projeto Hakani, são um caso de "fundamentalistas" intrometendo-se e impondo suas crenças sobre culturas nativas.

O esforço para abolir o infanticídio como uma prática tradicional foi originada por centenas de indígenas de diferentes comunidades indígenas que reconhecem-no como prejudicial ao desenvolvimento de suas próprias culturas. O argumento de que o filme "Hakani" é uma imposição de ‘fora para dentro’, fomentada por missionários cristãos "fundamentalistas" ansiosos para reorganizar tradições tribais, é infundado. O Projeto Hakani opera sob a pressuposição de que a proteção à vida da criança indígena é perfeitamente compatível com a proteção ao povo e à cultura indígena. 

Survival International: "Mesmo que você baixe o filme completo na internet, os créditos são ilegíveis, por isso você não pode dizer quem está por trás dele ... Missionários evangélicos têm escondido o seu trabalho por décadas ... " 

"Hakani" é uma produção financiada de forma privada e independente, que visa apoiar organizações não governamentais como a ATINI em sua defesa dos direitos das crianças indígenas. O filme é uma ferramenta criada para aumentar a conscientização sobre o infanticídio e abrir a discussão sobre alternativas. Fundada por Márcia e Edson Suzuki, a ATINI envolve uma ampla rede de líderes indígenas, antropólogos, lingüistas, advogados, políticos e educadores - muitos deles sem afiliação religiosa. O casal Suzuki, linguistas altamente reconhecidos e peritos em culturas tribais, têm trabalhado e vivido entre os indígenas por 28 anos e a idéia central que defendem é simples: através da proteção da vida de seus filhos, os indígenas estão protegendo o seu futuro e garantindo a preservação de sua cultura. 

Para a produção do docu-drama, a ATINI contou com uma parceria fundamental com a organização internacional Jovens Com Uma Missão - conhecida no Brasil como Jocum. A maior parte do documentário foi gravado no campus da Jocum na cidade de Porto Velho. 

Survival International: "Jovens Com Uma Missão, foi proibida de atuar em algumas partes do Brasil, mas permanece nestas áreas ilegalmente. " 

Jocum tem sido uma presença constante em diversas comunidades indígenas amazônicas nas últimas 3 décadas. Durante grande parte desse tempo, trabalhou ao lado de equipes do governo, na implementação de programas de saúde, tradução, fornecendo transporte aéreo e, algumas vezes, até mesmo intermediando disputas entre grupos indígenas e fazendeiros. Devido a mudanças de regras na atual administração da FUNAI, a Jocum, juntamente com outras ONGs e organizações missionárias, foi convidada a deixar áreas indígenas específicas, tais como a dos suruwaha, até que as novas regras dos convênios sejam firmadas. A alegação de que JOCUM desafiou o governo brasileiro por ter permanecido ilegalmente em determinadas áreas indígenas é categoricamente falsa. 

Survival International: "[cenas de "Hakani"] foram falsificadas. O filme reúne filmagem de diversas comunidades indígenas e lança mão de truque fotográfico para dar a entender a mensagem que desejam. Não foi filmado em uma comunidade indígena, a terra que cobre o rosto da criança é, na verdade, bolo de chocolate, e os indígenas no filme foram pagos como atores. " 

O gênero cinematográfico da produção Hakani é tecnicamente conhecido como docu-drama, uma representação baseada em fatos e eventos reais. A história da menina Hakani é uma história verdadeira, verificável por testemunhas oculares e relatórios por parte das autoridades locais. Esta produção cinematográfica sobre a vida dela, como o próprio gênero reflete, combina categorias geralmente percebidas de forma distinta: documentário e drama. 

O gênero do filme e as informações do que ocorreu nos bastidores sempre foram postados publicamente no website www.hakani.org . As pessoas envolvidas na produção do filme utilizaram todos os recursos cinematográficos disponíveis, ao mesmo tempo em que mantiveram os atores, muitos deles crianças sobreviventes de infanticídio, confortáveis e em segurança. 

Survival International: "práticas bárbaras de um tipo ou de outro ... estão vivas e ativas por todo o mundo, não estão mais presentes na Amazônia do que estão nos E.U.A. ou no Reino Unido. Quanto mais consciente uma pessoa está ... mais se pergunta por que razão os missionários escolheram os indígenas brasileiros. " 

ATINI e Jocum são organizações brasileiras não-governamentais que abordam questões relevantes a segmentos da população brasileira. "Hakani" foi bem recebido entre as comunidades indígenas, sendo que mais de 60 delas já assistiram o filme. Em todas as ocasiões em que "Hakani" foi exibido para um público indígena, provocou discussões positivas e acaloradas. Ficou claro o sentimento de alívio coletivo pelo fato de alguém, ou algum evento, estar criando oportunidades para discutir-se uma questão que, de outro modo, seria de difícil abordagem. 

Em novembro de 2008 mais de 350 indígenas, incluindo líderes de 7 comunidades indígenas, reuniram-se no bem conhecido posto Leonardo na Reserva do Xingu por 2 dias, para assistir o filme e discutir como as famílias indígenas poderiam ser melhor instruídas sobre alternativas ao infanticídio. Uma reunião de acompanhamento com os agentes de saúde está sendo agora planejada pelo cacique geral para desenvolver mais estratégias. Estas iniciativas não são esforços de grupos externos, querendo impor novas crenças. São iniciativas dos próprios indígenas, assumindo o protagonismo desta luta e a responsabilidade por seus próprios destinos. Eles estão tomando iniciativas que, no final, irão beneficiar as suas sociedades. 

Survival International: "[" Hakani '] incita sentimentos de ódio contra indígenas. Olhe os comentários no site do YouTube ... Você não pode culpar o telespectador pela sua hostilidade: poucos poderiam assitir "Hakani" sem ficar zangados com os indígenas." 

Os produtores do filme estão perfeitamente conscientes de que em um ambiente aberto, tal como o YouTube, com poucas restrições, algumas pessoas podem responder de uma forma desagradável e inadequada. O conteúdo e o tom de algumas das respostas postadas são, sem dúvida alguma, totalmente condenados pelos realizadores do filme. 

Para concluir ... 

Não deixamos de levar em consideração as críticas de Stephen Corry quanto ao trabalho executado até o momento pelo Projeto Hakani. Apreciamos a amplitude do trabalho da Survival International em todo o mundo, e não temos nenhuma razão para duvidar da sua verdadeira intenção de proteger e incentivar culturas indígenas para que tenham uma vida saudável. Contrariando às suas suspeitas de Corry, nós do projeto Hakani, estamos muito atentos aos princípio dos Direitos Humanos. Especialmente ao principal entre eles, o direito à vida, de TODOS os indígenas. 

As crianças indígenas estão entre as mais vulneráveis do mundo....

A FÉ VEM PELO VER E OUVIR A PALAVRA DE DEUS... : 2º CONGRESSO INDÍGENA DE MISSÕES NACIONAIS

A FÉ VEM PELO VER E OUVIR A PALAVRA DE DEUS... : 2º CONGRESSO INDÍGENA DE MISSÕES NACIONAIS: 2º CONGRESSO INDÍGENA DE MISSÕES NACIONAIS : do  MISSIOLOGIA   de  Missiologia Brasileira

Indígenas recebem sistema de abastecimento de água no Amazonas

Indígenas recebem sistema de abastecimento de água no Amazonas:

Moradores comemoraram a chegada de água de qualidade em aldeias. Foto: Thiago Santos / Funasa
A Superintendência Estadual da Fundação Nacional de Saúde (Funasa) no Amazonas (Suest/AM), vinculada ao Ministério da Saúde, inaugurou o Sistema de Abastecimento de Água da aldeia Filadélfia – localizada no município de Benjamin Constant, situado a 1.200 quilômetros da capital Manaus – o qual fornecerá água de boa qualidade para 3.500 indígenas.
O sistema, entregue em 28 de setembro, é capaz de tratar 50 mil litros de água por hora e atenderá cinco aldeias: Filadélfia, Porto Cordeirinho, Bom Caminho, Santo Antônio e Santa Rita, compostas em sua maioria pelo povo Tikuna, etnia predominante na região do Alto Solimões, extremo oeste do Amazonas e fronteira com o Peru.
Antes, a comunidade utilizava água da chuva, de cacimbas — poço escavado artesanalmente —, de igarapés ou diretamente do rio Solimões, que circunda a região. Os moradores da aldeia Filadélfia comemoraram a inauguração da obra. O professor Mário Félix — mais conhecido como Mário Tikuna —, relatou que era muito difícil o acesso à água, principalmente para as mulheres fazerem as tarefas de casa. Além disso, o índice de doenças era muito alto: “A água que usamos é totalmente poluída. Apesar de tudo, usamos a mesma água para fazer comida, lavar roupa, utensílios. Acredito que a questão da saúde vai melhorar, beneficiando todas as aldeias”.
A inauguração foi conduzida pelo cacique Odácio Bastos e contou com a participação do diretor do Departamento de Administração da Funasa (Deadm), Marcos Muffareg; do chefe de Gabinete da Presidência da Funasa, Geraldo Melo; do superintendente estadual da Funasa no Amazonas, Rômulo Cruz; do chefe da Divisão de Engenharia de Saúde Pública (Diesp/AM), Paulo Machado; e do engenheiro Rainier Azevedo. Também estiveram presentes representantes das demais aldeias beneficiadas e da Secretaria Especial de Atenção à Saúde Indígena (Sesai).
O sistema de abastecimento consta de captação superficial direta do rio Solimões, rede adutora, Estação de Tratamento de Água de 50m3/h, estação de recalque, reservatórios elevado e apoiado – com capacidade de armazenar 300 mil litros – e mais de nove mil metros de rede que distribuem água de boa qualidade para consumo humano.
Marcos Muffareg ressaltou que as comunidades indígenas se aglomeram em locais ou regiões onde existe água — como o rio Solimões —, mas que este não é mais tão limpo, como antigamente. “Há cidades próximas que acabam jogando efluentes no rio e poluindo-o. A água é o principal veículo de saúde e construir uma obra dessas beneficiará a população que terá água de qualidade e menos riscos de doenças” explicou Muffareg.
Fonte: Funasa